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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Na minha cidade

Joaíma, Águas Formosas,
Lambari, Lagoa Santa,
nomes de ruas
da minha cidade.

Nomes belos, nobres

que nos remetem
a lugares distantes,
exóticos.

Nunca na escola
explicaram-me esses nomes.
Nunca os mostraram
nos mapas.

Pouso Alegre, Ouro Preto,
Paracatu e Itajubá,
penso em descanso,
em ouro e índios.

Onde buscaram esses nomes?
Quem os pensou, primeiro?

Belo Horizonte, São Lourenço,
Juiz de Fora e Caxambú.
Nomes fortes, nomes raros,
nomes que se explicam.
Na Itambacuri nasci,
cresci, vivi os medos
e as alegrias.


Na Lagoa Santa joguei bola de rua,
montei e empurrei minha bicicleta,
segui o caminho para o rio,
e para o fado.

Pedra do Bueno, onde tantas vezes fui.
Jardim da Prefeitura, tantas voltas dei
procurando algo que não perdi,
mas que não sabia.

Jardim Sem Flor, onde nunca namorei,
Na Ladainha cansei da subida.

Vila Nova, Vila Esperança,
Laticínio e Reta.
Nomes simples, diretos,
como as pessoas do lugar.

Cachorro Nú, Beira-rio,
nomes suspeitos,
de fama suspeita,
não sabíamos por quê.

No rio Mucuri nadei,
bebi muita água,
perdi medos
e ganhei outros.

No Pedra Negra afoguei,
fui salvo e insisti.
No Social brinquei o carnaval,
atravessando o deserto do Saara,
ou pedindo dinheiro por aí.

No cinema á Beira-rio vivi emoções,
sustos e maravilhas no escuro.
No Bralanda, mais tarde, vi filmes impróprios.
Mostrando coxas, bundas, peitos e nenhum sentido.

Ruas e lugares da minha cidade,
nalguma delas ainda não andei.
Muitas ainda não conheci,
onde mora aquela garota linda,
e tem aquele jardim escondido.

Mas todas estarão lá,
com seus códigos postais,
seus números nas casas,
suas pessoas nos censos.

Tudo só números,
nos mapas.


Guriri 30/06/2009

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