Busca Bum

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

A noite passou sem mim

A noite chegou, comprida,
como os compridos dias,
surgida acima das linhas de perfeição
da vida,
e, lentamente,
escurecia as mentes, em metamorfoses.

Se não fosse outra noite tão bela,
talvez não seria a calma do homem,
na calçada.
O cão latindo, latindo, e as cores
girando pela noite.

Se não houvesse outra noite assim,
guardada,
assim perdida entre seres flutuantes,
sem pressa, sem hora, sem ganância
de esperar o dia amanhecer.

A noite silenciou a voz do rádio,
à hora da reza, ave-maria das noites,
sem lua, sem alma, sem bala e com perdão
pelo dia quente.

Seu manto obscuro, boiou à beira do sol de bálsamo.
O homen continuou, mãos no bolso,
na calçada.

O velho e novo se despediram no mesmo momento
das coisas sempre-vivas do bárbaro ofício.

Os ruídos aquietaram-se,
para todos prestarem atenção,
para correrem pelas noites,
dançarem todas as noites,
dormirem todas as noites.

Se a noite fosse assim igual,
passaria assim sem mim,
como sempre passei assim sem ela,
por todas as noites,
por todas as mortes,
todos os fortes.

Assim, na noite.

Pingente

Saio do vento frio que gela,
entro no meu quarto,
e encerrado fico
numa amplidão sem par,
de profundo caos.

Que penda eu de um lado a outro,
persistindo no erro,
a consertá-lo mal.

À escuridão que me tem,
preciso lutar,
à luz, que me falta,
buscá-la.

Balanço no fiel da minha alma.
Ser o que faço ou ser o que devo fazer?

Não sei,
busco apenas perdida,
a vida....a vida.

Pinga de mim este ser,
mais àquilo que sinto,
a dor....a dor.

Cachorros, canalhas, vermes!
E eu, que sou?

Pior, pior...
sou nada.

Primeira Paz Mundial

Atenção! Preparem-se todos, enfim!
As notícias aqui chegam,
e trazem más novas para muitos!

Pois o que ninguém esperava, aconteceu,
explodiu a Primeira Paz Mundial!

Países dos mundo todo, se defrontam,
uns começaram primeiro,
outros aproveitaram a confusão.

Cada um dispara do seu lado,
mandando bombas,
bombas de flores,
flores de todas as cores.

Rosas, orquídeas e jasmins,
cravos, lírios e margaridas,
flores em todos os lugares,
ruas, acampamentos e bares.

A cada flor jogada
milhares de pessoas nascem.

A cada bomba disparada,
o mundo enche-se de amor.

No exército, marinha e aeronáutica,
patriotas se alistam,
todos querem estar lá.

Prontos a darem tudo de si,
pela Primeira Paz Mundial.

Prontos a dispararem rifles,
com tiros de paz, amor e
fraternidade.

Vão aos campos e montanhas,
em busca de todo tipo de flores,
flores que encham de felicidade,
o mundo e a humanidade.

Os países desenvolvidos usam
de todas as maneiras,
para ajudar os menos desenvolvidos.

Tudo se cobriu de amor e alegria,
utilizam-se de todas as magias.

Os que são contra escondem-se,
estão apavorados,
não sabem o que fazer,
pois viviam na mais completa guerra.

Escute o que dizem!
A Primeira Paz Mundial não se acaba!

Vai durar anos, décadas, séculos,
vai durar a eternidade!

Viva! Viva a Primeira Paz Mundial!

SP 07/01/82