A noite chegou, comprida,
como os compridos dias,
surgida acima das linhas de perfeição
da vida,
e, lentamente,
escurecia as mentes, em metamorfoses.
Se não fosse outra noite tão bela,
talvez não seria a calma do homem,
na calçada.
O cão latindo, latindo, e as cores
girando pela noite.
Se não houvesse outra noite assim,
guardada,
assim perdida entre seres flutuantes,
sem pressa, sem hora, sem ganância
de esperar o dia amanhecer.
A noite silenciou a voz do rádio,
à hora da reza, ave-maria das noites,
sem lua, sem alma, sem bala e com perdão
pelo dia quente.
Seu manto obscuro, boiou à beira do sol de bálsamo.
O homen continuou, mãos no bolso,
na calçada.
O velho e novo se despediram no mesmo momento
das coisas sempre-vivas do bárbaro ofício.
Os ruídos aquietaram-se,
para todos prestarem atenção,
para correrem pelas noites,
dançarem todas as noites,
dormirem todas as noites.
Se a noite fosse assim igual,
passaria assim sem mim,
como sempre passei assim sem ela,
por todas as noites,
por todas as mortes,
todos os fortes.
Assim, na noite.
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