talvez não seja eu
na imagem do espelho
o que vejo já não sinto
não sei os temores que me aguardam
sinto-me um guerrilheiro
lutando em vão alguma causa perdida
de uma guerra há muito acabada
não me algemaram
nem me deram pancadas
não me torturaram
em porões imundos, obscuros
escondidos em lugares conhecidos
mas sabidos por pouquíssimos
olho novamente e a imagem some
distorce no espelho
se não sou eu, quem será?
onde estará o homem, a pessoa,
a alma?
quis estar assim, perdido?
a imagem aos poucos volta
clara, concisa, precisa
sim, sou eu! não outro
uma cópia, clone ou gêmeo,
eu mesmo, só!
com as mãos em concha,
cheias d'água, lavo o rosto
a água fria aos poucos me deixa pronto,
desperto
se sou eu no espelho
não sei quem sou
se sou outro
sumiu minha história
se só minha imagem,
então
sumiu o homem,
a pessoa, a alma
ficou só
o vazio
Guriri 13/07/2007
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