Breve Poesia
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quarta-feira, 14 de agosto de 2024
Ambrosina
quarta-feira, 6 de setembro de 2023
Nico e Milu vão à Praia
Eu sou a Milu, uma gata, claro! Nico é meu amigo de brincadeiras desde que fui levada para casa. Naquela noite eu estava faminta. Ceci e Maicon dizem que são nossos donos, mas eu acho que não é bem assim. Eu e o Nico mandamos no pedaço!
Adoro uma preguiça e ficar flertando com o Nico, mas ele não para um minuto, então eu fico muito cansada e prefiro ficar longe de todos.
Não entendo quando a Ceci faz vozinha de criança chamando eu ou o Nico, ele sempre chega perto, eu pra não ficar atrás chego também.
O Maicon é tão grande que dá muita canseira ficar olhado pra cima, por isso só vejo suas pernas e pés.
Nós fomos todos passar uns dias de férias na casa dos pais da Ceci, Emerson e Iza, em Guriri.
A viagem foi longa, umas quatro horas, e assim que chegamos eu, muito assustada com a casa, procurei um esconderijo e fiquei por lá bastante tempo.
Fiquei triste que só no fim do dia me acharam, ninguém lembrou de mim na hora de almoçar!
Procuraram nas vizinhanças e nas casas ao lado, só quando assustei com um pesadelo é que me encontraram. Acho que sonhei com o Nico me perseguindo pelo quintal.
Aliás nunca havia conhecido um quintal antes, com grama, plantas, passarinhos o tempo todo, barulho na rua e um carro na garagem. Muito estranho, mas gostei muito. Eu e Nico aprendemos a comer grama, depois fizemos vômito verde, muito legal!
Os passarinhos são estranhos, fazem barulhinhos com a boca e eu fico louca para pegar uns e levar pra dentro de casa, mas ainda não consegui.
O Nico também tenta umas vezes mas se eu que sou a mais esperta não consigo imagina ele!
Toda hora tem alguém querendo me pegar e abraçar ou passar as mão no meu pelo. De vez em quando eu deixo.
Nico tem uma voz rouca que eu fico apaixonada por ele, mas ele só quer saber de correr atrás de bola de papel amassado.
Acho que já falei muito, vou deixar o Nico falar também.
Olá, eu sou o Nico, e acho ela uma gatinha, mas Milu nunca me dá bola, quando chego perto dela ela acaba fugindo e miando fino, aí a Ceci ou outra pessoa grita meu nome bem alto: NIIIIICO!
Estou curtindo muito o passeio, nem lembro como era antes. Além da grama e de vomitar verde, que é bem legal, tem muitos bichinhos escondidos no quintal, formigas, moscas, aranhas e taruíras, acho que é assim o nome.
A Milu é muito engraçadinha mas acho que eu que sou o rei do pedaço. Mas essa agitação toda deu muita canseira, agora que o tempo esfriou um pouco vou ficar quietinho na cama junto do meu cobertor preferido. Tchau!
PS : amanhã voltamos pra casa, não temos idéia onfe fica isso!
quarta-feira, 5 de outubro de 2022
17
17
tenho 17
quase 18
estou deitado em meu quarto
ouço uma música alta
e o chamamento me leva à revolta
ao testemunho para que se complete minha vida até então.
convocar companheiros, pegar em armas,
derrubar inimigos, eis o chamamento.
a música suave embala, a batida rítmica envolve,
tira a concentração , leva a um ponto fixo: lutar, morrer,
tentar a última hipótese.
tenho 17, quase 18
estou deitado, continuo deitado,
continuo ouvindo, apenas continuo.
o sol nasce, o sol põe-se ( se põe?),
eu estou deitado, continuo deitado
a música sempre chama,
o teto e as paredes continuo vendo
sou covarde, sou fraco, sou nada......
tenho 17, quase 18 e continuo deitado...
tenho 47, quase 50
ouço aquela música (por que não deletaram ela? (de uma vez por todas!)),
bebi um vinho importado, o ritmo, a batida, o chamamento,
outra vez estou olhando o teto
o teto , o teto....
acho que o teto é o grande mal
meu umbigo não me diz nada.
tenho 87, quase não enxergo,
ouço ainda aquela música ( música, som, barulho?),
não sei como, apesar da surdez, de sempre.
tenho 87, falta pouco para 100.
tenho 87, sou o mesmo?
tudo é o mesmo?...
tenho 87, quase 100!
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Na minha cidade
Lambari, Lagoa Santa,
nomes de ruas
da minha cidade.
Nomes belos, nobres
que nos remetem
a lugares distantes,
exóticos.
Nunca na escola
explicaram-me esses nomes.
Nunca os mostraram
nos mapas.
Pouso Alegre, Ouro Preto,
Paracatu e Itajubá,
penso em descanso,
em ouro e índios.
Onde buscaram esses nomes?
Quem os pensou, primeiro?
Belo Horizonte, São Lourenço,
Juiz de Fora e Caxambú.
Nomes fortes, nomes raros,
nomes que se explicam.
Na Itambacuri nasci,
cresci, vivi os medos
e as alegrias.
Na Lagoa Santa joguei bola de rua,
montei e empurrei minha bicicleta,
segui o caminho para o rio,
e para o fado.
Pedra do Bueno, onde tantas vezes fui.
Jardim da Prefeitura, tantas voltas dei
procurando algo que não perdi,
mas que não sabia.
Jardim Sem Flor, onde nunca namorei,
Na Ladainha cansei da subida.
Vila Nova, Vila Esperança,
Laticínio e Reta.
Nomes simples, diretos,
como as pessoas do lugar.
Cachorro Nú, Beira-rio,
nomes suspeitos,
de fama suspeita,
não sabíamos por quê.
No rio Mucuri nadei,
bebi muita água,
perdi medos
e ganhei outros.
No Pedra Negra afoguei,
fui salvo e insisti.
No Social brinquei o carnaval,
atravessando o deserto do Saara,
ou pedindo dinheiro por aí.
No cinema á Beira-rio vivi emoções,
sustos e maravilhas no escuro.
No Bralanda, mais tarde, vi filmes impróprios.
Mostrando coxas, bundas, peitos e nenhum sentido.
Ruas e lugares da minha cidade,
nalguma delas ainda não andei.
Muitas ainda não conheci,
onde mora aquela garota linda,
e tem aquele jardim escondido.
Mas todas estarão lá,
com seus códigos postais,
seus números nas casas,
suas pessoas nos censos.
Tudo só números,
nos mapas.
Guriri 30/06/2009
Fiz um Poema
um poema cego.
Pois que ninguém o lê,
ninguém o vê.
As letras e palavras dançam,
dançam, dançam,
a minha frente.
"Um dia fui homem..."
"...o susurro da noite calou no meu peito."
Contudo, a mulher de óculos não viu,
a criança na escola
não ouviu a leitura,
o papel não recebeu
a tinta escarlate
ou preta.
Fiz um poema,
um poema louco.
Então fui chamado,
quiseram analisar-me,
torturaram-me com perguntas tolas,
óbvias.
As palavras e as letras jaziam lá,
jaziam e jaziam,
como mortos empalhados.
"O címbalo sonoro soou no sereno..."
"...deusa minha, lua cheia do meu amor..."
O cego chorou, a mulher deixou cair os óculos,
pensativa,
a criança riu, mais de si mesma, boca aberta
boquiaberta.
O homem da rua parou
diante da vitrine,
livros a mancheia.
Fiz um poema,
um poema cego louco,
louco cego.
Assim, contudo,
fiz um poema.
Na minha cidade
Lambari, Lagoa Santa,
nomes de ruas
da minha cidade.
Nomes belos, nobres
que nos remetem
a lugares distantes,
exóticos.
Nunca na escola
explicaram-me esses nomes.
Nunca os mostraram
nos mapas.
Pouso Alegre, Ouro Preto,
Itambacuri e Itajubá,
penso em descanso,
em ouro e índios.
Onde buscaram esses nomes?
Quem os pensou, primeiro?
Belo Horizonte, São Lourenço,
Juiz de Fora e Mucuri.
Nomes fortes, nomes raros,
nomes que se explicam.
Na Itambacuri nasci,
cresci, vivi os medos
e as alegrias.
Na Lagoa Santa joguei bola de rua,
montei e empurrei minha bicicleta,
segui o caminho para o rio,
e para o fado.
Pedra do Bueno, onde tantas vezes fui.
Jardim da Prefeitura, tantas voltas dei
procurando algo que não perdi,
mas que não sabia.
Jardim Sem Flor, onde nunca namorei,
Na Ladainha cansei da subida.
Vila Nova, Vila Esperança,
Laticínio e Reta.
Nomes simples, diretos,
como as pessoas do lugar.
Cachorro Nú, Beira-rio,
nomes suspeitos,
de fama suspeita,
não sabíamos por quê.
No rio Mucuri nadei,
bebi muita água,
perdi medos
e ganhei outros.
No Pedra Negra afoguei,
fui salvo e insisti.
No Social brinquei o carnaval,
atravessando o deserto do Saara,
ou pedindo dinheiro por aí.
No cinema á Beira-rio vivi emoções,
sustos e maravilhas no escuro.
No Bralanda, mais tarde, vi filmes impróprios.
Mostrando coxas, bundas, peitos e nenhum sentido.
Ruas e lugares da minha cidade,
nalguma delas ainda não andei.
Muitas ainda não conheci,
onde mora aquela garota linda,
e tem aquele jardim escondido.
Mas todas estarão lá,
com seus códigos postais,
seus números nas casas,
suas pessoas nos censos.
Tudo só números,
nos mapas.
Guriri 30/06/2009
domingo, 28 de junho de 2009
O balanço do balanço
E a menina dança
Trançando o cabelo
No ventre que ondeia
Num movimento criança
Que amansa os seus pensamentos
Num dado momento
A fortuna gira
Girando engrena
Outro movimento
E o momento passa
Num dado momento
De pressão e temperatura
E tudo dura
Uma eternidade
Uma enormidade
De tudo passar
E quando tudo passa
Parece que foi ontem
E o balanço balança
O velho quer ser criança
Dançando no vento que ondeia
No movimento da teia
Que trança o cabelo
Rebelando o pensamento
E a engrenagem gira
Outro movimento
E a menina dança.
Guriri 02/04/2009